Tuesday, May 11, 2010

1963 Grand Sport, O Fabuloso Matador de Cobras.

1963 Chevrolet Corvette Grand Sport Coupe
No fim dos anos 50, os três grandes fabricantes americanos, assinaram um pacto pondo fim às corridas, o que efetivamente baniu todo e qualquer trabalho de apoio ao esporte-motor no EUA por parte daquelas companhias.
Apesar do tal pacto, a Ford foi a primeira entre as três a quebra-lo, apoiando abertamente Carroll Shelby e seus Cobras, ainda em 1962. Na época os Cobras eram os carros a serem batidos na classe GT.
A General Motors de alguma forma, conseguiu contornar o pacto, com protótipos baseados no Corvette, que chegaram a correr frequentemente.

A versão oficial da GM era de que aquelas máquinas funcionavam como banco dinâmico de testes, os quais incorporavam as últimas tecnologias e direcionavam o design de futuro Corvettes. Sendo o mais famoso desses "especiais" o Sting Ray que debutou em 1959. O design de sua carroceria originou os Corvettes da segunda geração.

Apesar de ser um projeto completamente novo, o Corvette C2 de 1963, provou ser uma base não muito favorável para um GT de competição que pudesse vencer os Cobras. Os maiores problemas do Corvette eram o chassis muito pesado e os insuficientes freios à tambor. Êsse conjunto não poderia ser substituído por outro mais eficiente sem que o carro fosse homologado como um novo veículo.

Num gesto ousado Zora Arkus-Duntov, o pai do Corvette, convenceu os outros executivos da GM à produzir um carro completamente novo para competir com os Cobras. Este novo carro foi chamado de Grand Sport, e assemelhava-se bastante com um Corvette Coupe "de rua", mas por baixo do corpo de fiberglass havia uma máquina completamente nova. Foi usado um chassis tipo treliça feita por tubos de secção oval, muitíssimo mais leve, e os tambores de freio foram sustituídos por discos Girling. A propulsão sugerida, era um V8 fuel injection , com câmara hemisférica e com duas velas por cilindro.

Tristemente o projeto foi cancelado pelos executivos antes que o motor pudesse ser instalado. Um golpe terrível para uma máquina que prometia ser fabulosa nas pistas, pois no dinamômetro o motor de 377 polegadas cúbicas mostrou ser bom para no mínimo 550 hp.
Havia na ocasião cinco chassis completos que foram equipados com motores standard de rua de 327 ci, encarroçados com a carroceria dos Coupe, e então fornecidos à corredores leais a marca GM.
No entanto o regulamento requeria a produção de ao menos 100 exemplares para que o Grand Sport se tornasse elegível para competir na classe GT.

Infelizmente êles foram forçados à competir na classe Protótipos, aonde teriam que enfrentar carros com motores centrais, bem mais competitivos. Apesar dessa situação nada favorável, aqueles Grand Sport com apenas 360 hp provaram ser superiores aos Cobras.

No final de 1963 os dois rivais puderam finalmente cruzar passos, na Semana de Velocidade de Nassau, nas Bahamas, aonde a direção da prova fazia vista grossa à regra da produção mínima de 100 unidades. Os Grand Sport foram então inscritos com motores de alumínio, com cêrca de 485 hp, e dominaram completamente a prova, humilhando a equipe Shelby.

Animados pelo sucesso em Nassau, os engenheiros da divisão Chevrolet, responsável pela Corvette, decidiram preparar os Grand Sport para a prova de Sebring em 1964.
Dois daqueles coupes foram "decapitados", tornando-os roadsters em função de melhorar a aerodinâmica em circuitos de alta velocidade.

No entanto, o maior adversário dos Grand Sport não estava nas pistas, mas sim na cúpula da compania, e outra vez os executivos, (ou seriam os políticos?) decidiram cortar o projeto pela raíz, ordenando que os carros fossem destruídos.
Felizmente, a paixão dos engenheiros envolvidos no projeto Grand Sport era grande o suficiente, não permitindo que tamanha barbaridade fosse cometida. Desafiadoramente asseguraram uma sôbre vida aos carros, vendendo-os discretamente, à pilotos particulares.

Roger Penske, por exemplo, conseguiu por suas mãos em um dos carros, e inscreveu-o na prova de Nassau de 1964, aonde êle enfrentaria um Cobra super-leve, específicamente prepado para Ken Miles. Roger Penske dirigiu seu Grand Sport Roadster à uma vitória épica na classe GT, batendo mais uma vez inapelávelmente os Cobras.

Podemos apenas especular o que pleno potencial dos Grand Sport, se o projeto tivesse sido plenamente apoiado pela alta direção. É possível no entanto, supor-se que teriam toda condição de continuar enfrentando os Cobras, os quais chegaram a conquistar duas vitórias na classe GT em Le Mans.

Devido a sua excepcional raridade, os Grand Sport, estão entre os mais desejados esportivos colecionáveis americanos, atingindo valôres de vários milhões de dólares.
Apenas para se ter uma idéia:
Em meados de 2009, um daqueles dois Roadsters, teve em leilão um lance de US$ 4,9 milhões, quantia esta que não foi alta o suficiente para atingir a reserva mínima posta pelo proprietário. Ou seja, êle recusou um oferta firme de US$ 4,9 milhões.

O desenvolvimento dos Grand Sport nas mãos de particulares nunca mais atingiu os mesmos níveis de quando preparado por engenheiros da Corvette. Desta maneira entraram num processo de quase estagnação, em face à uma concorrência que continuava a desenvolver-se a toda fôrca.

Chassis: 003
Chassis 003 foi um dos três carros enviados para Nassau, para a Semana de Velocidade de 1963. Foi inscrito por John Mecon, para evitar suspeitas de que de fato, aquele bólido altamente preparado, estaria sendo desenvolvido por engenheiros da GM.
Este Grand Sport ainda foi pilotado por Jim Hall, em quatro provas em Nassau, conseguindo um terceiro e um quarto lugares.
Em 1964 Mecon inscreveu o carro, para ser pilotado por A.J. Foyt e John Cannon, nas 12 Horas de Sebring. Terminam num baixíssimo vigésimo terceiro lugar devido a quebra de uma roda na última hora. No final da temporada foi novamente inscrito para Nassau conseguindo uma vitória na classe
Uma última inscrição desse chassis em prova de importância, ocorreu nas 12 Horas de Sebring de 1965, aonde conseguiu apenas um trigésimo sexto lugar, depois de classificar-se em vigésimo primeiro.

Desde então, passou por extensiva restauração, ostentando a mesma especificação e côres de quando correu em Sebring em 1964. Hoje pertence à um renomado colecionador.
Em 2007 conquistou o "melhor do show" no primeiro evento do "Concours on the Avenue in Carmel".

Chassis: 004
Apesar de ter o número de série 004, foi na realidade, o primeiro Grand Sport a entrar em uma competição. Dr. Dick Thompson, dirigiu-o à vitória na prova SCCA em Connesville, em agôsto de 1963. No fim da temporada o carro foi enviado à fábrica para upgrades, passando então às mãos da Mecon Racing. Juntamente com seus outros dois carros-irmãos , com a mesma especificação nova. Em dezembro de 1963 correram na Semana de Velocidade de Nassau pela primeira vez.
Como já vimos acima, estes três Grand Sport dizimaram a competição.
O chassis 004 foi vendido primeiramente para para o dealer Delmo Johnson.
Jonhson, juntamente com Dave Morgan, inscreveu o bólido nas 12 Horas de Sebring, aonde classificou-se em décimo segundo lugar. Devido à vários problemas técnicos terminou a prova em trigésimo segundo lugar.
Johnson seguiu inscrevendo este carros em várias outras provas de menor importância, sendo que em 1965 vendeu-o à um canadense, que por sua vez seguiu inscrevendo-o em provas até o fim de 1967.

O atual proprietário comprou-o em 1980, tendo cuidadosamente feito sua restauração para a configuração das 12 Horas de Sebring de 1964. A restauração incluiu características únicas, como cintas de cobre ao longo da carroceria de fibra, para aterramento da antena de rádio e luzes adicionais, para que possa continuar a competir em provas de clássicos, como nesta foto em Monterey Historics de 2008, aonde foi conduzido à vitória por John Morton.



Fotos e redação baseados em artigo de Wouter Melissen para ultimatecarpage.com

This is an adaptation from English to the Portuguese language.
You can read the original article by Woulter Melissen @ ultimatecarpage.com